Iniciei meu ministério em música ainda novo. Lembro que aos 7 anos de idade, já tocava uma ou outra "introdução" de louvores no teclado. Recordo que era um sintetizador analógico da Korg, tinha uns detalhes em madeira. Isso foi há muitos anos atrás, quando a 2ª Presbiteriana Renovada em Goiânia era alojada provisoriamente em uma tenda.
Os anos se passaram, e fui me esmerando na música, e com isto, mudei de instrumento e fui tocar o que era minha verdadeira paixão: a bateria. Me dediquei não por um tempo bastante no instrumento, mas o suficiente para aflorar uma musicalidade que me faz tocar bateria como um músico, e não como um baterista. O teclado me ajudou nisso. Todavia, nos grupos de louvor da Igreja, bem como em todas as denominações no Brasil, surgia com força a dicotomia técnica x "unção". Dizia-se que os músicos que esmeravam pelo estudo, pela técnica, não tinham humildade, não abriam espaço para o mover de Deus. Por outro lado, dizia-se que os músicos que não estudavam seu instrumento ou técnica vocal, eram mais humildes, e por isto, Deus achava neles um solo fértil para semeadura.
Evidente que estas proposições são uma grande bobagem, sempre foram. Quem faz a obra de Deus, deve fazê-lo com excelência, com o melhor que puder. Quem não estuda o instrumento que toca para o louvor de Deus, é preguiçoso. A Graça e a misericórdia de Deus, entretanto, faz cair unção tanto à estes como àqueles mais técnicos, ou seja, o Espírito Santo de Deus sopra em quem tem o coração voltado à adoração, independentemente de quesitos de técnica. É verdade que disse, e não volto atrás, que para Deus deve ser entregue o melhor de nós. Mas é também verdade que Deus, em sua grandiosidade, faz mover o Espírito sobre todos quantos queiram ajudar na obra.
Para acabar de vez com essa "dicotomia" desastrada que alguém desocupado criou, surgiu no ano passado, o grupo Livres, formado pelos amigos Adhemar Rocha, Roberto Milazzo, Wagner Gracciano, Guilherme Santana e Marcelo Nogueira.
Em recente trabalho lançado com selo independente, os músicos comprovaram que é possível sim fazer música de primeiríssima qualidade técnica, sem deixar de lado a unção.
Bom, quem conhece os "meninos", pode falar sobre a simplicidade e humildade que eles tem. Não parecem ser as pessoas que tem o potencial que têm. Todos eles são verdadeiramente crentes, nascidos em lar evangélico, criados com educação cristã de primeira. Guilherme, Marcelo, Roberto e Adhemar são filhos de pastores. Waqner Gracciano bem que já poderia ser um. O fato é que indubitavelmente, todos carregam dentro de si o Espírito Santo de Deus.
Adhemar Rocha é um "monstro" da música Gospel goiana. Canta, e muito. Canta soul, mas canta também à gosto do freguês: popular, erudito, pop rock, tudo. Toca ainda sax, teclado, piano, bateria, baixo e violão. E toca bem. É um agraciado por Deus com vários dons espirituais, um ser humano extraordinário, um grande servo do Senhor. A última imagem que tenho dele, foi de cantar quase do último banco (no último culto de ceia), só ele em pé, em incansável e incessante adoração. De onde eu estava tocando, dava para ouvir a sua adoração.
Roberto Milazzo é a maior revelação da música goiana dos últimos anos. Figura, a meu ver, na lista dos três melhores do instrumento em Goiás, ao lado do excelente Marcelo Maia e do versátil Bruno Rejan. Tem sido o mais requisitado e procurado baixista para trabalhos ao vivo. Profundo estudioso do instrumento, homem de Deus, de fé, de perseverança. Basta ter sua amizade e escutar sua história de vida para concluir que foi separado por Deus para algo grandioso, que com LIVRES está se cumprindo.
Wagner Gracciano, hoje, pra mim, o melhor guitarrista do Estado, iniciou os estudos desde muito novo. Tem uma velocidade incomparável. É também produtor musical, professor bastante didático, e um pesquisador de timbres. Tive o orgulho de poder ajudar este amigo e músico a recuperar os seus instrumentos, o que serviu de motivação e certeza no sentido de que LIVRES estava no coração de Deus.
Guilherme Santana é hoje o músico de Goiás. É, também sob meu prisma, ao lado de Kiko Freitas, o grande baterista do Brasil. Começou a tocar ainda criança. Lembro que com 18 anos (ele é pouco mais velho que eu, 1 ou 2 anos), ele já era um filho do Dave Weckl. Veio amadurecendo rapidamente, até intensificar seus estudos nos EUA, onde pôde tocar com nomes como Weckl, Aaron Spears, Tony Royter Jr., dentre outros. Tem uma técnica e domínio sobre a bateria impressionantes, repertório de frases e viradas inesgotável. Sola em todo tipo de groove, tem polirritmia a dar com pau, beat, pegada, feeling...enfim, é O Cara. Sem mais comentários, tem que ver tocar para acreditar...
Marcelo Nogueira, tecladista, produtor e arranjador, de todos foi o que mais rápido cresceu no cenário musical goiano. Tornou-se o maior tecladista e arranjador neste estado. Estuda muito, escuta de tudo, é eclético, e esta versatilidade propiciou a ele uma vasta gama de informações e influências. Já fez trabalhos variados, desde pagode passando por jingles que a gente escuta na TV todos os dias, até trabalhos de artistas renomados, além de ser o responsável pela produção musical de LIVRES. É "O CARA" dos timbres em Goiás, muito bom gosto, sabe ser um workstation man, trabalhar com variedades de sons em ocasiões adequadas. Tem velocidade, técnica absurda, e sabe usá-las na hora certa.
Em comum, como já disse, todos são meus amigos, tenho a satisfação de dizer isto. Com exceção de Guilherme, que toca o mesmo intrumento que eu, tive também a grata satisfação de tocar (e ainda toco às vezes) com todos. São homens de Deus, batalhadores, trabalhadores, e com muito esforço e suor, alcançaram o patamar que alcançaram. Nada vem por acaso. Todos estes "meninos" estudaram muito seus instrumentos. E todos eles são servos de Deus. O resultado aí está: o CD LIVRES, à venda em Goiânia inicialmente, onde se pode ver a assombrosa técnica de todos, e o mover de Deus sobre cada um.
Com canções de autorias próprias, arranjos próprios, o disco é uma compilação de adoração à Deus. São poesias dedicadas à Deus, acompanhadas com o que de melhor existe na música goiana. Será que vale à pena ter em sua casa?!
Confira.
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